sábado, 27 de outubro de 2007

Desapego

Pois que tenho cultivado o desapego.
Dou meus livros, pois quero partilhar a sabedoria
Dou meus cd´s, pois quero dividir o belo da melodia
Canto poesias, já que palavras entre folhas de nada valem
Distribuo sorrisos, porque de nada vale a vida sem alegria
Entrego-me ao mistério do próximo segundo
Soltei as amarras,
Tirei os sapatos.
Deixo a porta bem aberta.
De que vale a mágoa?
Quanto custa seu título? Jogue-o fora!
O vazio do não ser é tão mais poderoso.
O rancor seca, a inveja incha, o remorso nos mata aos poucos.
O apego nos transforma em escravos.
O medo nos cristaliza.
Entrem bailando. A valsa, o tema, são livres.
Tragam apenas o coração aberto.
Que o resto se resolve sozinho!

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Frases geniais...

"Paixão é não premeditar, viver é não prever, amar é um despropósito e não há tempo para fundamentar nossas escolhas. Nossas escolhas já nos justificam. "
(Carpinejar, sempre brilhante)

sábado, 20 de outubro de 2007

Sina

Te dei adeus no sonho
Você já não me sorria
Não mais me fugia
Da janela me acenou, respeitosamente
Respeitosamente, eu retribuí
E sabíamos que dali os nortes eram diferentes
Pesa mais te manter que te deixar
Mas sem você o imponderável é constante
E tenho de assumir o risco
Tomo o risco como sina
Como a oportunidade dos sorrisos e abraços que reprimi
Que guardei pra você
Hoje o peito bate por mim
Por cada segundo que a vida é vivida sem medo
E lembro de você como um doce que sempre deixou o ranço amargo,
No final
Mas não lamente!
Não lamento.
Todo amargo fortifica,
Todo adeus é um recomeço,
Todo sonho é a vida que esqueceu de acontecer.
E siga teu norte
Que eu sigo o meu.

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Mais uma da série frases geniais

"Morar bem quando se é casado é morar onde sua mulher escolher. Morar bem quando se é solteiro é morar no buteco", define filosoficamente o meu cliente durante reunião de trabalho.

Da série frases geniais

"Cada ser tem o sonho a sua maneira", cantou ontem Ney Matogrosso pela madrugada
"Olá amante escolhida! Os olhos são o espelho da alma... Podem tambémser o espelho da pessoa que os olha - se fatalidade houver quando osolhas é porque te vês através de mim e então vês-te com o sabor deduas mãos dadas numa noite de lua cheia. Nesta altura vivemos palavrasmudas, como se a luz fosse só nossa e não existisse espaço para maisnada nem ninguém." (E é por essas e por outras que a vida vale a pena)

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Diálogos pertinentes / Frases geniais

"Você tem pai e mãe?", pergunta fascinado o menino para o robô que, comandado de maneira discreta por um funcionário da livraria, encanta a criançada no 12 de outubro.
"Claro. Você acha o quê? Que saí de uma geladeira?"
São Paulo nua. Foi assim que a cidade se mostrou pra mim. Braços e pernas abertas. Fez manha, fez pose, fez charme.
"Essa sou eu: decadente/delicada
luxuosa/cruel
sensível/bruta
sofisticada/simples
solidária/solitária
casta/puta
singular/plural
Só em São Paulo vê-se Portinari, Volpi, Piza, Di CAvalcanti, Rodin... e se come pitanga no pé.
Só em São Paulo se encontra todo tipo de música... mas é a música que pulsa da cidade que encanta.
Só em São Paulo se chupa picolé de melão japonês e paga-se R$ 49 reais por dois sandubas
Só em São PAulo percebe-se que somos ninguém e que ser ninguém é tão especial quanto ser alguém.
Só em São Paulo se é só... junto.
Sou o que faço de mim a cada dia. Hoje sou um pouco São Paulo.
"No fim das contas, para você ser feliz tem de se alienar" Flávia Perin, com um copo de cerveja na mão, cigarro na outra, tensa e filosofando após a pancada que é assistir Tropa de Elite no cinema.

terça-feira, 9 de outubro de 2007

Paguei pela liberdade
Foi-me entregue a chave
O cadeado abriu suavemente
Como quem já espera, resignado, pela entrada bruta da chave
Os portões deslizaram dando espaço para a luz límpida, intensa, que tomava conta de todo o lugar
Entrei sozinha, ainda um tanto tímida
Ainda um tanto
Vi que meu vestido era rodado, meus cabelos lisos caiam pelos ombros, meu brinco de pérola reluzia com um ponto de luz
Fui caminhando para um caramanchão devagar, sorvendo o cheiro dos lírios que cortavam o percurso
Aos poucos chegaram coelhos
Um branco, outro cinza, outro mais distante cor de chocolate
Trouxeram cenoura, capim e pedras
Presentes da terra, falaram
Agradeci
Se foram conversando
Foi quando entendi a beleza do sopro de vida que sempre existe
Fechei os olhos e fui
Sim, de nada adianta se não nos deixamos levar
Sim, de nada adianta a morte em vida: o medo
Sim, que o corpo nos veste, mas a alma não tem limites
Sim, que a prece é nata, a beleza é parte, o colorido é denso
Sim, que de sim a vida leve é solta, é mais sua que no não
Sim, que um momento vale por anos, um toque vale todas as minhas jóias
Sim, pois me descubro a cada dia
Sim, pois sou o que cultivo nos meus pensamentos e o que concretizo em minhas ações
Sim, que o existir mais verdadeiro é o espontâneo, o que confia no mistério
Sim, que da energia fiz meu cálice e da coragem fiz meu vinho
Sim, que teu olhar me fez mais carinho que uma noite toda de amor
Sim
O que mais nos faz sofrer talves seja justamente a relevância excessiva que atribuímos à nossa presença no mundo, pois essa relevância é a pedra de fundação de todas as nossas obstinadas repetições, é graças a ela que insistimos em ser sempre "iguais a nós mesmos" (Contardo Calligaris)

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Vem agora vida minha
E abre minhas asas como se o sopro fosse o último
E diga que os anos não nos separaram

Venha vida minha vida
Que o sol brilha lá fora
E mostra que tudo vale
Vale o riso
Vale o pranto
Vale o silêncio
Vale cada sim
E cada não

Vale a escolha
Vale a escola da vida
Vale esse momento só meu
Só nosso

Me namora
Me toma como tua
Que meu suspiro seja seu
Que seja meu seu suspiro

Que a música toque incessantemente
Como se nunca tivesse tocado

Que esse canto que descubro
Se abra em um mundo
Mundo meu
Mundo seu
Vida
Que seja o respiro profundo
Que seja o aroma do nascimento
Que seja o sorriso aberto
Vida minha
Minha vida

Que a dança não pare nunca
Que os rodopios façam-nos
Perder o tempo
Perder o medo
Perder o que não nos pertence mais

Que o chão seja o mesmo
E a melodia sempre bela
Vida minha
Minha vida